sexta-feira, 24 de abril de 2009

Parte de historinhas da missão


Uma conversa transformadora...

Certa vez, eu estava participando de um retiro de carnaval, por sinal muito bem organizado, e numa certa noite um jovem rapaz me viu e falou que queria conversar comigo, fiquei bastante surpreso, pois não tinha muitos amigos e os que estavam ali não me conheciam o suficiente para desejar falar comigo com tanta euforia. Então disse: tudo bem! Combinamos para de manhã cedo.
Durante a noite, fiquei meditando o terço e rezando por todos os jovens que faziam uma experiência de Deus profunda, no encontro pessoal ali naquele retiro.
Pela manhã logo após o café, ainda estava terminando, o jovem veio falar comigo, então pedi que levasse duas cadeiras para um lugar sossegado onde se pudesse conversar tranquilamente. Eu estava apreensivo e curioso, confesso. Logo terminei de tomar café e escovei os dentes e fui. O lugar que ele colocou as duas cadeiras era bem tranqüilo, de baixo de um cajueiro sombreada, carregado de caju vermelhinho, o sol estava bem forte e refletia por entre os galhos, tornando a cena muito aconchegante e propícia para uma conversa. O rapaz estava ali, cabisbaixo e pensativo. Aproximei-me, bati no seu ombro, e o cumprimentei, sentei ali a sua frente.
Perguntei o que ele desejava me falar, e me coloquei a escuta. Ele muito timidamente, não sabia muito bem por onde começar, mas o deixei a vontade. Sabia que era muito sincero e sério o que queria desabafar, mas não entendi quando começou a narrar à história que tinha se passado com ele, como se fosse a um conhecido. Só entendi que aqueles fatos tristes que o deprimia e o impediam de ser feliz tinha se passado com ele quando as lagrimas começaram a cair de seu rosto. Fiquei atônito, não sabia o que dizer diante de tal situação, mas senti que devia acolhê-lo, me colocando ao seu lado para apoiá-lo numa nova postura diante da realidade nova que ele queria iniciar apartir daquele momento. Compreendi naquele momento a fina missão da escuta. Aquele rapaz, atualmente é alegre, ativo na sua igreja e em seu grupo pastoral.

Coincidências...

Certa vez, eu estava participando de um congresso eucarístico de cinco dias, com a presença de mais de duas mil pessoas e lá pelo terceiro dia, um jovem foi chamado para dar um testemunho de conversão da vida. O jovem falava das razões que o levaram a tentar suicidar-se com um tiro na própria cabeça, na época era apenas um garotinho, e falava como tinha sido um milagre não ter morrido e nem ficado com seqüelas pela localização onde abala perfurou. Fiquei muito emocionado, confesso, com a história de vida daquele rapaz. E queria conhecê-lo, mas era impossível, mal tinha visto a sua face...
Um dia, uns quatro a cinco meses depois, estava eu passando na rua indo direto pegar o ônibus da escola, quando ouvi um chamado, me virei e estava ali um grupo de três rapazes me chamado, não os conhecia. Interrompi minha caminhada, e fui ao encontro do grupo, curioso para saber o que queriam e se podia ser útil para alguma coisa. Cumprimentei a todos gentilmente. Então um dos rapazes me perguntou se eu era padre, respondi sem entender nada que não. Perguntaram mais uma vez se eu era seminarista ou coisa do tipo, respondi que estava iniciando os encontros vocacionais e tal. Ai começou uma amizade muito bonita entre nós, todo dia nos encontrávamos depois da aula para conversar e partilhar. Certa vez, depois de uns dois meses, eu estava conversando com um dos jovens e passou um colega meu da escola e muito eufórico me cumprimentou perguntando se eu conhecia aquele rapaz com quem estava conversando. Afirmei que sim, então falou que ele era um grande poeta e me prometeu que no dia seguinte traria um poema dele pra mim. Muito gentilmente eu agradeci.
No dia seguinte, meu colega me deu um pedaço de folha de caderno com um poema escrito nele. Quando li, me surpreendi completamente. Tratava-se da descrição do suicídio daquele rapaz que deu testemunho no congresso eucarístico.

Nas exéquias...

Quando estou de férias na minha comunidade de origem, onde costumo ficar com meus pais, sempre que me convidam faço trabalhos pastorais, especialmente quando falece alguém me convidam para fazer uma celebração de exéquias. Certa vez, estava eu passeando pela calçada quando tocou o orelhão, muito diligentemente atendi e adivinhem que notícia eu tive que dá a uma família muito simples da região? O falecimento do filho deles. Então fui pessoalmente dar a notícia. O caixão chegaria ao final daquela tarde e seria ainda naquela tarde o sepultamento. Avisei a comunidade através do auto-falante e toquei o sino. Reuniu-se a comunidade e a família, fizemos à celebração e saiu o cortejo até o cemitério. Eu costumava permanecer na igreja depois das celebrações, no salão onde há um quarto. Eu costumava descansar e preparar-me para catequese e celebrações ali. De repente chegou chamando por mim uma senhora, ela estava muito atônita, então fui atendê-la rapidamente. Quando abri a porta do quarto, ele pediu para eu ir rápido jogar água benta numa mulher que estava possuída por um espírito mal. Fiquei absolutamente surpreso, não sabia o que fazer, mas fui mesmo assim. Um grupo de homens tinha agarrado a mulher e trazido para dentro da capela, quando cheguei, estava ali diante de mim uma sena bem complicada de se ver. Como disse, não sabia o que fazer, mas como tinham pedido, aspergi água benta nela variadas vezes e nada, convidei a todos a rezar Pai Nosso, Ave Maria, Credo, Salve Rainha e nada da mulher melhorar, então pedi para que a levassem dali, pois nada podia fazer por ela.

MSN...

Certo dia estava eu teclando com meus amigos no msn, quando abriu-se uma caixa de diálogo avisando-me que uma pessoa desejava ser adicionada por mim. Claro, curioso para saber quem era a pessoa adicionei imediatamente. Quando comecei a teclar, descobri que era um jovem rapaz de apenas 15 anos, queria ser meu amigo e conversar comigo. Comecei a puxar assunto, queria conhe-lo bem saber se estudava, de que gostava etc. Passamos bons minutos teclando, em certo momento eu disse que havia gostado muito de conversar com ele e para minha surpresa ele falou que se eu o conhecesse pessoalmente não diria a mesma coisa. Fiquei curioso para saber o que se passava com ele para fazer tal afirmação. Ai ele disse que aos 12 anos havia cortado os dois pulsos das mãos. Então entendi a razão de querer conversar comigo, queria partilhar esse trauma, essa tristeza profunda que se passava em sua vida. Perguntei se hoje com 15 anos teria coragem de fazer novamente, ele disse que não faria. Então falei que gostava muito dele porque tinha a capacidade de fazer diferente agora sua história. Falou-me que em menos de meia hora eu tinha sido a pessoa que mais amor e compreensão tinha lhe dado.

O futebol...

Certo dia fui fazer missão em uma comunidade muito distante, era tempo de muita chuva e as estradas estavam cheias de lama, só dava pra chegar de jipe e olhe lá. O lugar estava verdinho, muita plantação, muita fartura e o povo simples e bastante acolhedor e participativo nas atividades da missão. Eram sete dias de missão. Lá pelo quinto dia programei uma celebraçãozinha com as crianças, onde elas mesmas iriam preparar os cantos e as leituras. Estavam empolgadas com a responsabilidade que tinha dado a elas, já fazia três dias que se reuniam para organizar bem. Somavam cerca de 20 crianças entre meninos e meninas em toda a comunidade. Chegada às quatro horas da tarde, como havíamos combinado, lá estavam com tudo pronto. Foi cerca de uma hora de celebração, cada canto mais lindo do que o outro naquelas gargantinhas afinadas. Depois da celebração, convidei todas para um campo de futebol e fizemos dois times mistos para jogar. Foi a maior diversão, os menores corriam atrás da bola com tanta alegria e os maiores jogavam com muita consciência e cuido para não machucar os mais novos. Na segunda rodada, nós distribuímos pipocas e balas para animar o jogo. Os pais foram torcer e animar o jogo, foi belíssimo! No outro dia, fui acordado pelas crianças no portão, querendo saber se ia ter outra vez.


Deus na minha frente, paz na minha guia, me recomendo a Deus e a Virgem Maria...

Certa vez tinha que fazer uma viagem, mas meu dinheiro estava muito pouco, mesmo assim, dava para ir e voltar se tivesse que pagar apenas o ônibus de ida e volta. Decidi arriscar. Quando cheguei à cidade, estava muito faminto e pensei: antes de ir visitar meu amigo, vou tomar um sorvete, que custava apenas R$ 0,50. Entrei na sorveteria, escolhi os sabores e sentei para me deliciar. De repente, entrou um garotinho todo esfarrapado e se dirigiu a mim pedindo um sorvete. Olhei para aquele rostinho faminto pensando: se lhe pagar um sorvete eu fico sem dinheiro para voltar, mas não pensei duas vezes, meti a mão no bolso e dei o dinheiro pra ele. Saiu com um sorriso de orelha a orelha. Não sabia o que fazer para voltar, mas estava feliz por ter visto aquele rostinho sorridente e saciado. Sai caminhando em direção ao sitio de meu amigo e pensando várias coisas, quando de repente meus olhos viram, ali jogado no chão, uma nota de R$ 20,00, não acreditei naquilo, quando apanhei tinha R$ 23,00. Não havia ninguém por perto que pudesse ter perdido para eu devolver. Fiquei tão feliz, pois todos os meus problemas daquele momento estavam sanados.

Deus proverá...

Certo dia estava eu indo para a faculdade, quando entrei no ônibus e fui passar o cartão do passe fácil, não tinha nenhum real de recarga, sorte minha que as senhoras que estavam no ônibus perceberam e rapidamente me ofereceram o suficiente para ir e voltar da faculdade. Ainda existem corações generosos.


O milagreiro...

Certa vez, fui fazer missão em uma comunidade rural, o lugar era distante da cidade e a maioria das pessoas era bastante simples, gente da roça e sem muita instrução, mas acolhedora e de uma fé extraordinária. Estava eu desarrumando minha bolsa na casa onde acabara de ser acolhido, quando chegou uma visita inesperada. Era uma velha senhora que perguntava consternado pelo missionário. Curioso e querendo dar atenção a minha nobre visitante, dirigi-me até a sala e acolhendo-a perguntei em que poderia lhe ser útil, então ela levantou um pouco a sua longa saia deixando em descoberto um ferimento situado logo acima do joelho. O ferimento estava completamente recoberto por sabão. A Senhora tinha vindo até mim para pedir que lhe fizesse uma oração de cura sobre aquele ferimento. Claro, não lhe neguei a oração, mas exigi que lavasse todo aquele sabão e procurasse o posto de saúde para fazer um curativo.

“O meio mais eficaz de vencer o diabo, a humildade...”

Certa vez estava eu olhando minhas mensagens no Orkut, quando um jovem rapaz enviou-me um pedido para ser adicionado por mim. Antes de fazê-lo, como é de meu feitio, abri suas fotos para verificar o conteúdo e conhecer um pouco da vida do rapaz. Percebi que se tratava de um seminarista diocesano. Imediatamente aceitei seu convite. Passados alguns dias o mesmo deixou-me um recado triste a respeito de sua saída da casa de formação. Respondi, oferecendo-lhe meu apoio e minha amizade nesse momento difícil para todos que passam por esse processo. Muito abatido, queixava-se de ter sido vitimado de invejas e injustiças etc. Oferecendo meu apoio, adicionei-o em meu msn para poder ouvi-lo e ajuda-lo nesta nova fase. Com o tempo, meu amigo confessou-me que a dor pior pra ele foi sentir que todos os seus amigos de antes haviam se afastado dele, junto com a sua comunidade que antes o acolhia com amor. Confesso que não tendo muitas possibilidades de levantar a auto-estima do rapaz, comparei toda a influencia negativa que lhe abatia com o diabo e afirmei-lhe categoricamente que só lhe era possível vencer o diabo com a humildade.

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